A Gerdau Açominas quer avançar as operações para a zona de amortecimento de duas importantes áreas de proteção ambiental que ficam entre Itabirito e Moeda, na região metropolitana. A empresa entrou com um pedido de licença junto ao governo do Estado para implantar uma cava de exploração de minério de ferro e montar uma nova pilha de estéril – para armazenar os resíduos minerários – próximo ao Monumento Natural da Serra da Moeda e à Estação Ecológica de Arêdes. Os riscos para o abastecimento de água da região serão debatidos neste sábado (13), em audiência na Câmara de Moeda.
A Gerdau quer ampliar o projeto Várzea do Lopes com a abertura de lavra de minério de ferro, extraindo 1,5 milhão de toneladas por ano. As cerca de 30 milhões de toneladas de minério bruto exploradas em 21 anos, previstos em projeto, vão ser transportadas em caminhões até uma usina em Ouro Branco, distante 60 km da mina.
“O empreendimento está em cima da zona de amortecimento das áreas de proteção. Antes de ter as licenças, a Gerdau já conseguiu autorização para desmatar 130 hectares de área remanescente de Mata Atlântica, onde vai ficar a pilha de estéril. O impacto negativo já começa a ser sentido. Em caso de implantação da mina, várias nascentes serão mortas”, diz o conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraopeba, Cleverson Vidgal.
As nascentes abastecem o chamado ribeirão do Silva, que desemboca no rio das Velhas, acima da captação de Honório Bicalho, da Copasa. E é justamente desse ponto onde é retirada parte da água que abastece a capital: “Em médio prazo, haverá impactos para BH e as cidades do entorno”.
O presidente da Câmara de Vereadores de Moeda, Silvânio Alves, disse que propôs a audiência pública para que a população tenha conhecimento da proposta. “As pessoas estão muito preocupadas. Os moradores têm direito de conhecer o projeto”, disse.
Não é a primeira vez que a Gerdau tem empreendimentos na região questionados. Em 2009, o Ministério Público contestou o fato de a empresa explorar a mina Várzea do Lopes por meio de Autorizações Ambientais de Funcionamento (AAFs), que não são as licenças adequadas para estrutura com maior potencial de dano. O órgão exigiu que a siderúrgica fizesse uma série de benfeitorias para amenizar os impactos já causados. Nem todas foram cumpridas.
“A empresa prometeu várias coisas, como a criação de um corredor ecológico, e não cumpriu. Agora, recorre ao Estado para explorar a região sem cumprir as condicionantes. Algo tem que ser feito”, diz a presidente da ONG Serra Viva, Rosângela Maciel.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foi procurada, mas não respondeu.
Em nota, a Gerdau disse que o projeto não afeta a área que ela prometeu proteger. Segundo a empresa, estudos ambientais e documentos necessários para a obtenção do licenciamento já foram protocolados.